terça-feira, 2 de março de 2010

E depois das escavações?

O grande problema da arqueologia de emergência em Portugal está patente no Alqueva: o que fazer depois das escavações, com os milhares de contentores com materiais arqueológicos?
Por norma, as empresas apresentam orçamento para a execução dos trabalhos de campo, ficando de fora o estudo dos materiais arqueológicos.
Segundo a notícia do Jornal Público, no dia 26 de Fevereiro "Os trabalhos arqueológicos realizados ao abrigo do projecto Alqueva e da construção da barragem custaram 14 milhões de euros, mas os quase 1000 vestígios recolhidos continuam fechados em contentores, à espera que haja condições que permitam o seu estudo e a sua divulgação científica (.../...) O material recolhido enche centenas de contentores à espera que haja condições que concretizem o seu "estudo e divulgação científica", observou António Carlos Silva, coordenador dos trabalhos arqueológicos de Alqueva entre 1996 e 2002" - http://jornal.publico.clix.pt/noticia/26-02-2010/mil-achados-arqueologicos-continuam-a-espera-depois-de-14-milhoes-gastos-em-escavacoes-18880368.htm.

Quem irá agora estudar este importante espólio? As empresas? Para além de alguns sítios mais emblemáticos, as empresas não estão vocacionadas para fazerem investigação.
Resta então às Universidades, através dos alunos de 2º e 3º Ciclos iniciarem o seu estudo...

1 comentário:

  1. De facto torna-se premente o estudo do espólio que se vai recolhendo em centenas de intervenções de emergência. Sem o seu estudo como é que o investigador consegue periodizar devidamente um sítio arqueológico, definindo fases de ocupação, cronologias?
    Este problema já tem uma longa de diacronia no passado recente. Quantas colecções estão "arrumadas" em Museus sem nunca ninguém se ter debruçado sobre o seu estudo.
    A componente deste estudo deveria ter outro enquadramento nas políticas patrimoniais Nacionais. Logo no RTA que agora está em revisão. Concordo com a ideia de poderem ser alunos da Universidade a dar um contributo na investigação ligada aos espólios. Este poderia ser um recurso essencial para a musealização de sítios, podendo-se estabelecer parcerias internacionais com museus. Mas dado o volume de materiais recolhidos é também imprescindível definir enquadramentos financeiros para o fazer. Quem o faz em Empresas e para quem faz na Universidade. Em relação às Universidades a FCT poderia ter um papel relevante. É um desperdício a "materialidade de concepção do passado" não ser aproveitada no presente, num País com escassos recursos.

    ResponderEliminar

Congresso da UISPP

Apesar de inicialmente estar prevista a sua realização na Austrália, o 18º Congresso da UISPP acabou por ser transferido para França (Paris)...